Entrevista Concedida a Oliveira Caruso
De
onde você é? Quando você começou a se aventurar na literatura?
Sofreu influência direta de parentes mais velhos, amigos,
professores? O que aprendeu na escola o instigou a criar textos?
Resposta:
Sou de Jampruca, ex distrito do município de Frei Inocêncio –
MG, nascido em 13 de agosto de 1953. Aventurar na literatura mesmo
foi na década de 70 em contato com a Poesia Margina Carioca –
Cacaso, Chacal, Ana Cristina Cesar, Leila Miccolis – Revista Nuvem
Cigana, O Trote etc. As influências são diversas, devido à
ansiedade para entender esse mundo di...verso. A poesia em versos
livres, as formas fixas, as escolas literárias, tudo isso me
instigou muito e eu me joguei de cabeça nos estudos, tentando dar
conta, como se isso fosse possível.
Você
já leu muitas obras e lê frequentemente? Que gêneros (poesia,
contos, crônicas, romance) e autores prefere?
Resposta:
Eu leio de tudo, de tudo mesmo. Desde os épicos Ilíada, Odisseia,
E o Vento Levou, passando pela aventura, policial, mistério, terror
etc. Não passa nada.
Costuma
fazer um glossário com as palavras que encontra por aí (em livros,
na internet, na televisão etc.) e ir ao dicionário pesquisá-las?
Resposta:
Quando acontece o surgimento de uma palavra nova, vou direto
pesquisá-la.
Há
escritores de hoje na internet (não consagrados pelo povo) que
admira? Em sites, Academias de que de repente você participa etc.
Resposta:
Muitos, muitos mesmo. O fator internet ajudou demais no aparecimento
dos novos escritores; mas quem será GRANDE, só o tempo dirá.
Basta que acreditemos e que tenham chances de se apresentarem.
Você
costuma participar de antologias? Acha-as algo interessante?
Participaria de uma se eu a lançasse?
Resposta:
Há uma banalização da palavra ANTOLOGIA. Eu mesmo faço usso
disso. Chamo de antologia qualquer pacote de poesia em qualquer
forma poética: haicais, trovas, versos livres etc. Isso é ruim,
mas apenas momentaneamente. A peneira do tempo resolverá...
Você
é membro de Academias de Letras? Aceitaria indicações para
ingressar em Academias de Letras como membro?
Resposta:
Não sou membro de academia nenhuma; pelo menos dessas academias
formalistas, concebidas segundo o modelo da Maçonaria. (Veja que
escrevi Maçonaria com letra Maiúscula, por respeito a ela). Não
entendo por que misturar a literatura com o mundo de uma sociedade
secreta, que tem objetivos desconhecidos, e isso pode ser observado
inclusive na Academia Brasileira de Letras. Ninguém diz que Machado
de Assis foi influenciado por esses pricípios, uma vez que o
positivismo prevalece. A minha divergência é de fundo filosófico,
pois acredito na produção cultural como espírito da sociedade e
não como algo fruto do direcionamento ideológico, venha de onde
vier.
Tem
ideia de quantos textos literários já escreveu? Há quanto tempo
escreve ininterruptamente?
Resposta:
escrevo, conscientemente, há quarenta anos. A quantidade de textos
escritos não dá para contar. São pastas de haicais, de trovas, de
contos, de crônicas... E não pára.
Você
tem dificuldade de escrever em prosa, em verso?
Resposta:
Há fatores que interferem na cabeça do escritor na hora de iniciar
um texto, mas eu não chamo de dificuldade. Depende do modo como ele
se relaciona com o tema, do jeito como um chega ao outro, como num
namoro, que às vezes prospera e às vezes não.
Você
possui algum lugar onde publica textos virtualmente? Qual?
Resposta:
Publico normalmente nos meus blogs. E devido à diversidade das
formas, fui obrigado a criar blogs de contos, de crônicas, de
haicais, de trovas, de versos livres, de sonetos, de aldravias e um
sem número de revistas virtuais, aonde compartilho aquilo que eu
encontro de melhor, em todos os gêneros. O melhor meio de chegar a
esses blogs é acessando o meu perfil literário: Mafuá Do Malungo
Cabral.
Que
temas prefere escrever? Prefere ficção ou o que vivencia e vê no
dia a dia?
Resposta:
Escrevo sobre qualquer coisa. E toda a minha produção é fruto da
vivencialidade. Não planejo, não roteiriso, não ponho nada na
cabeça de modo pré-concebido.
Aprecia
outros tipos de arte usualmente? Frequenta museus, teatros,
apresentações musicais, salões de pintura? Está envolvido com
outro tipo de arte (é pintor, músico, escultor?)
resposta:
Apreciar eu aprecio. Adoro artes plásticas, sou louco pelo
expressionismo, mas não me pergunte nada no campo teórico. Música
é difícil alguém não gostar, mesmo enquanto ouvinte, como é o
meu caso. Só toquei na parada de 7 de setembro de 1967.
12.
Que retorno você espera da literatura para si mesmo no Brasil? E a
nível de mundo? Resposta: Não tenho ilusões com o retorno
financeiro. Prefiro ver 15.000 acessos a um texto e saber que não
vendo nenhum livro do que ficar forçando barra pra vender impresso.
Enquanto ex livreiro, pude constatar a força das novas tecnologias
na liberdade de escolha das pessoas. E faço votos de que isso
progrida infinitamente. Não me importa se a criança está lendo em
papel ou tablet. Importa é estar lendo.
Você
acha que o brasileiro médio costuma ler? Acha que ele gosta de
literatura tradicional ou só de notícias rápidas e sem
profundidade?
Resposta:
Aí existe um grande problema: Você conhece o Acordo MEC-USAID
feito pela ditadura militar com o governo norteamericano em que o
ensino brasileiro abandona o conceito de aprendizado contínuo,
ligando o ensino básico ao médio e este ao superior sem cortes,
onde a avaliação do estudante ocorre dentro das instituições em
que ele viveu e não como agora. Antes, se estudava para SABER, sem
foco no mercado, e hoje o brasileiro com poucos recursos não pode
ir adiante nos estudos porque tudo virou resultado. Competente é
quem teve nota alta, sem disponibilizar ao aluno as mesmas
condições. Daí não temos como almejar um país leitor quando
todos são jogados pra fora da escola, inclusive parcelas da classe
média. Quanto ao que vai ler, do que ele gosta, vai depender do seu
modo de absorção de prazer, do seu gosto, do seu tempo disponível.
Você
costuma registrar seus textos na FBN antes de publicá-los? Sabe da
importância disso?
Não.
Não costumo registrar e sei da importância disso, mas acho muito
pouco aconselhável alguém me plagiar ou se apropriar de um texto
meu, até por questões ideológicas, pois a maioria não tem
disposição para bancar a defesa dos oprimidos no texto literário.
Por exemplo: quem quer plagiar Máximo Gorki, Bertolt Brecht,
Maiacoviski, Vitor Hugo, Lima Barreto, Solano Trindade? Dou uma
cocada a quem quiser fazer isso.
Já
tem livros-solo publicados? Consegue vendê-los com certa
facilidade?
Resposta:
Tenho quatro livros de poesias publicados, que foram relativamente
bem vendidos em eventos produzidos por mim. Mas com a descoberta do
e-book eu parei com o IMPRESSO. Estou com dois à venda no AGBOOK.
Já
conhecia o poeta-escritor Oliveira Caruso (desculpe-me... Esta
pergunta é padrão para quem participa de meus concursos
literários)?
Resposta:
Claro! Oliveira Caruso é uma marca de produção cultural que não
pára de crescer. Enquanto ex livreiro, agitador cultural e poeta
militante, fica impossível não encontrar um irmão.
Você
trabalha com literatura inclusive para aumentar sua renda ou a leva
como um delicioso hobby?
Resposta:
Trabalho com literatura por necessidade vital, vendendo ou não. Ela
é minha alma, é a superação do profissional que põe x$ na conta
bancária todo dia. Sem ela eu não passaria de uma máquina
registradora – uma vez que trabalho com contabilidade e
agenciamento de anúncios.
Você
trabalha(ou) fora da literatura?
Resposta:
Enquanto tecnico em contabilidade, eu faço free lancers de
balanços, no dia a dia edito classificados para agencias de
publicidade de pequena intensidade, digito textos para editoras e
produzo ebooks.